Dúvidas de matemática e português? Vá ao Metrô
Posto na Estação Consolação deixa professores à disposição de passageiros
15 de abril de 2011 | 0h 00
Piedad Martinez, de 45 anos, é colombiana, mora há um mês em São Paulo e ainda se atrapalha bastante com o português. Ana Maria Xavier, de 35, precisa aprender a resolver equações. Alexandre Ferreira Borges, de 39, quer ter um estilo bonito na hora de escrever. Eles encontraram ajuda no Metrô.
Marcos Bizzotto/AE
Serviço recebe brasileiros e estrangeiros
Pois é. Em uma salinha de vidro instalada na Estação Consolação, eles mergulham nos estudos, alheios ao barulho das catracas e ao estresse dos apressados passageiros correndo até a "próóóxima estação". Ali funciona um dos postos do Tira-Dúvidas, projeto implementado pela instituição de ensino Estácio em fevereiro de 2010. O outro fica na Estação Brás da CPTM.
De lá para cá, foram quase 6 mil atendimentos gratuitos. "Setenta por cento dos que nos procuram acabam retornando sempre", diz a professora de português Flora Bender, que atende ali três vezes por semana. Mas os números são com o professor de matemática Júlio César da Silva, que coordena o projeto. "Sessenta por cento dos que nos procuram têm entre 20 e 40 anos. Cinqüenta por cento vêm porque estão se preparando para algum concurso. Trinta por cento querem reforço escolar. O restante aparece com alguma dúvida esporádica, algo que viu no jornal, na TV..."
É só chegar e sentar. Para fins estatísticos, o aluno preenche uma fichinha com nome, idade e motivo da procura. Em uma mesa, português; na outra, matemática. Ana Maria, por exemplo, é técnica de enfermagem e cursa o terceiro ano do ensino médio. "Tiro as dúvidas da escola aqui, porque acho as explicações mais claras", conta ela, que mora e estuda no Belém, zona leste, e agora se debruça sobre monstruosas equações cheias de x e y.
"As dúvidas mais comuns são sobre regra de três, porcentagens e equações", comenta o professor Júlio. "São os assuntos que dão base aos demais da área." Ah, bom. Na outra mesa, a professora Flora se divide entre Piedad e Alexandre. No meio, um dicionário. Daqueles grandões, pesados, que impõem respeito. "Crase, acentuação, coerência e coesão do texto, concordância, regência..." - Flora tem na ponta da língua as principais dúvidas dos alunos. "E a reforma ortográfica, que ainda preocupa todo mundo."
Resultado. Piedad é psicóloga. Veio para o Brasil com o marido, que trabalha em uma multinacional. "Matriculei-me em um curso particular de português para estrangeiros, mas não via resultado. Então descobri esse programa e tenho vindo diariamente há 15 dias. A professora me obriga a falar, me faz pensar rápido e corrige na hora as minhas dúvidas. Aprendi muito." Ela diz tudo isso em português. Ou quase tudo.
Alexandre também é psicólogo, mas trabalha como segurança do Metrô. Ali, tão fácil, tão pertinho. Via a placa "Tira-dúvidas" e, bem, por que não? Aproveitou a hora da folga. "É a primeira vez que venho, mas quero tentar voltar pelo menos uma vez por semana", diz. "Hoje estou pegando umas dicas de pontuação. Quero escrever melhor."
Cada aluno tem direito a 30 minutos. Se não tiver ninguém na espera, ganha prorrogação - e a aulinha pode chegar até a uma hora e meia. Há 12 professores da Estácio no projeto - eles se revezam ao longo da semana nos dois postos, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h na Consolação e das 10h às 19h no Brás.
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