terça-feira, 3 de maio de 2011

Períodos da Natureza

Encontrei esta reportagem na revista GEO e achei muito legal. Fiquem por dentro dos períodos da Natureza.

A explosão das espécies





A vida existe na Terra há mais de 3,5 bilhões de anos. Umas poucas ligações primitivas deram origem a organismos superiores. A natureza produziu uma complexa rede de relações, uma multiplicidade de animais, plantas e fungos. A história da evolução é uma epopeia de adaptação, extinção e reinvenção. Valendo-se de ilustrações caprichadas, GEO reconstruiu os 12 grandes períodos da natureza.


PRÉ-CAMBRIANO
no mínimo 3,5 bilhões a 542 milhões de anos

AS PRIMEIRAS CÉLULAS

Em geral, os paleontólogos dividem a História Natural em 12 grandes eras, definidas com base em fósseis típicos para cada uma delas. O primeiro desses períodos começa há mais de 3,5 bilhões de anos, quando ligações anorgânicas, mortas, deram origem, através de diversas etapas intermediárias, à primeira célula: uma minúscula fábrica de vida, dotada de círculos simples de substâncias, com a capacidade de se dividir e, dessa forma, transmitir informações hereditárias. A partir do módulo básico formam-se, pouco menos de 2,5 bilhões de anos mais tarde, diminutas comunidades esféricas pluricelulares. Estas são as mais antigas formas de vida complexas e o início de toda a biodiversidade que se desenvolverá em milênios futuros.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann
CAMBRIANO
de 542 a 488 milhões de anos

UM MUNDO CHEIO DE PREDADORES
Durante mais de 3 bilhões de anos, os mares foram habitados exclusivamente por organismos primitivos, mas então, em pouco tempo, surgem criaturas bizarras, com olhos pedunculares, cerdas, imensas couraças ou garras espinhosas. No Período Cambriano, a natureza não só produz quase todos os representantes das modernas linhagens de animais, entre os quais criaturas dotadas de uma constituição precursora da coluna vertebral; também neste período ocorre a primeira corrida armamentista da História da Terra. Provavelmente, substâncias aluviais levadas da terra para o mar, bem como metais e minerais expelidos por fontes submarinas, possibilitam a construção de complexas estruturas, como os esqueletos externos. De agora em diante, os predadores caçam suas presas, como o Anomalocaris, de até um metro de comprimento (em primeiro plano), ou o Opabinia, uma criatura trombuda, dotada de cinco olhos (no leito marinho). Os caçados, por sua vez, defendem-se com uma blindagem encouraçada ou espinhos, como a Hallucigenia, que parece andar sobre gâmbias (em baixo , à direita).
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

ORDOVICIANO
de 488 a 444 milhões de anos

NOVA DIVERSIDADE NO OCEANO
À parte de algumas algas e liquens simples, que já se transferiram para a terra, a vida ainda floresce exclusivamente no mar. Entre as criaturas aquáticas há predadores gigantescos, como os exemplares de Cameroceras, de até 11m de comprimento (à direita), os maiores cefalópodes de todos os tempos. Os mais antigos peixes Sacabambaspis, (em primeiro plano) são desprovidos de maxilares e dentes. Eles dispõem de nadadeiras simples na cauda, e se protegem com rudimentares placas de um material parecido com osso sobre a cabeça. Com suas enormes bocas arredondadas esses arcaicos vertebrados sugam algas moles e colônias de bactérias desenterradas do lodo, aos pés dos primeiros recifes de corais da História da Terra.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

SILURIANO
de 444 a 416 milhões de anos

PIONEIROS EM TERRA
Depois que as primeiras algas e liquens primitivos colonizaram a Terra, surgiram também, 420 milhões de anos atrás, plantas vasculares de estruturas mais complexas. A Cooksonia, de cerca de 4cm de altura, faz parte dessas plantas terrestres primordiais capazes de se adaptar à seca, às diferenças de temperatura e ao nocivo bombardeamento ininterrupto de raios ultravioleta do Sol. Elas habitam as margens de mares e rios e, para isso, ancoram seus corpos no solo, por meio de excrescências parecidas com raízes, com as quais absorvem água doce e minerais. Alguns invertebrados artrópodes, como escorpiões, e moluscos também desafiam as rigorosas condições ambientes da superfície terrestre. Alguns moluscos, como os bivalves de 4 a 5cm de largura aqui ilustrados, usam suas conchas para se resguardar do ressecamento.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

DEVONIANO
de 416 a 359 milhões de anos

A CHEGADA DOS RETARDATÁRIOS
Nos mares, rios e lagos desabrocha uma descomunal diversidade de peixes, entre os quais os exemplares do gênero Dipterus (na frente). Uma novidade anatômica possibilita a essa espécie de água doce o avanço para regiões pobres em oxigênio: ele possui um pulmão primitivo, com o qual consegue respirar acima da água. Essa mesma inovação até permite ao Tiktaalik (atrás), um ancestral pré-histórico dos anfíbios, sair da água para a terra firme. Como um dos primeiros vertebrados, ele avança rumo às margens graças, entre outros fatores, às suas nadadeiras resistentes e firmes. Ainda assim, os peixes pertencem ao grupo dos retardatários nos continentes: os artrópodes, moluscos e as plantas já se alastraram pelo ambiente terreno há muito tempo. Assim como os gigantescos cogumelos Prototaxis, cujos micélios, parecidos com colunas, se erguem a até 8m de altura.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

CARBONÍFERO
de 359 a 299 milhões de anos

AS PRIMEIRAS FLORESTAS
A vida estabeleceu-se por, praticamente, todas as regiões do planeta. Pela primeira vez, extensas florestas recobrem as massas terrestres, que começam a se interligar para dar origem ao supercontinente Pangeia (ou Pangaea). Licopodíneas de até 40m de altura e equisetáceas (cavalinhas) de 10m dominam o novo ecossistema florestal. E este também é o período dos animais articulados: ao pé dos gigantes arbóreos, imensos Arthropleura, de 2m de comprimento e fortemente blindados (à esquerda), parecidos de longe com as modernas centopeias, caçam libélulas com uma envergadura de asas de até 60cm.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann


PERMIANO
de 299 a 251 milhões de anos

PREDADORES NO SUPERCONTINENTE
Nesse período geológico, as diversas massas terrestres isoladas de Pangeia aproximam-se cada vez mais. Às suas margens predomina um clima tropical, úmido; enquanto pelo interior se estende um vastíssimo deserto. Os quadrúpedes reinantes são os pelicossauros (Pelycosauria), aos quais também pertence o dimetrodonte (Dimetrodon). Esses carnívoros são os primeiros a apresentarem dentes especialmente desenvolvidos para abater suas presas, que são tão grandes quanto eles próprios. Esses animais de sangue frio tinham uma curiosa estrutura em forma de vela nas costas, mediante a qual, provavelmente, captavam os raios solares para se aquecer. O Permiano termina com a maior mortandade em massa de todos os tempos, possivelmente desencadeada por uma descomunal erupção vulcânica.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

TRIÁSSICO
de 251 a 200 milhões de anos

NA ÁGUA, NA TERRA E NO AR
Os répteis tornam-se os animais dominantes. Alguns conseguem conquistar o espaço aéreo, como o pterossauro primitivo Eudimorphodon, de aproximadamente um metro. Outros se adaptam cada vez mais à vida na água. O Tanystropheus, de 6m de comprimento e pescoço enorme, semelhante ao de uma cobra, caça suas presas em águas litorâneas. Mas também vive em terra firme. Outros répteis, como os ictiossauros (Ichthyosauria), ou peixes-lagarto, já viviam exclusivamente no mar. Em terra, surgem os primeiros dinossauros: enormes lagartos de estrutura física dinâmica, com pernas em forma de colunas. Árvores do gênero Ginkgo e coníferas se espalham nesse período.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

JURÁSSICO
de 200 a 145 milhões de anos

A ERA DOS GIGANTES
Há cerca de 200 milhões de anos, desenvolveram-se os maiores animais terrestres que já povoaram a Terra: os saurópodes Sauropoda, da altura de prédios, como os braquiossaurídeos (à esquerda). Uma construção pulmonar especial, estrutura física dinâmica, talvez até sangue quente, bem como uma alimentação herbívora, favorecem esse gigantismo. A ave primitiva arqueoptérix Archaeopteryx (à direita) começa a conquistar o espaço aéreo ao lado dos répteis voadores. Nas florestas proliferam árvores Ginkgo e Williamsonias, espécies de samambaias gigantes, que lembram palmeiras, como as cicadófitas. Coníferas e fetos também estão amplamente disseminados.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

CRETÁCEO
de 145 a 65 milhões de anos

A TERRA SE TRANSFORMA EM UM MAR DE FLORES
As espermatófitas desenvolvem um novo órgão de propagação: a flor. Algumas espécies aproveitam o vento para levar as células sexuais masculinas (o pólen) até outras flores; outras, como essas magnólias, encarregam insetos para realizar essa tarefa ao atraí-los com suas flores luminosas e perfumadas e, em parte, com seu nutritivo néctar. Nesse período, os dinossauros experimentam sua maior diversidade. Alguns, como os Gallimimus (acima), são revestidos de penas para se manterem quentes.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

CENOZOICO
de 65 a 2,6 milhões de anos

A MARCHA TRIUNFAL DOS PELUDOS
Mamíferos de sangue quente e recobertos por pelos parem crias vivas e as alimentam com leite materno. No Cenozoico, eles se tornarão o grupo dominante entre os animais vertebrados. Nesse meio estão os calicotérios Chalicotheriidae (à direita), criaturas de 2m de comprimento, que caminham sobre os artelhos de seus membros dianteiros exageradamente longos, bem como o deinotério Deinotherium, parecido com um elefante (ao fundo). Porcos imensos e os gigantescos Indricotheriidae, monstros de 30 toneladas, aparentados longinquamente com os rinocerontes, vivem nessa era. Alguns ungulados, ancestrais das baleias, voltam a se readaptar à água; outros mamíferos se habituam à vida arbórea, como os macacos. Plantas florescentes e insetos formam uma nova e imensa diversidade.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

QUATERNÁRIO
de 2,6 milhões de anos até hoje

O FIM DOS GIGANTES
Há 2,6 milhões de anos, a Terra passa por oscilações climáticas com períodos extremamente gelados: as Eras do Gelo. Na América do Sul, ainda vivem, até há 1,8 milhão de anos, gigantescas aves aterrorizantes, mas que são incapazes de voar, que aqui atacam um tatu-canastra pré-histórico, de 4m de comprimento; o alvo tenta se defender com a cauda, cuja extremidade está equipada com uma clava cheia de espinhos. Nas gélidas estepes desenvolvem-se espécies particularmente adaptadas ao clima, como mamutes, cervos gigantes, rinocerontes-lanudos, ou ursos-das-cavernas. Na África, 2,5 milhões de anos atrás, um macaco que andava ereto aumenta seu volume cerebral, e inventa as primeiras ferramentas. E se transforma em ser humano. Logo ele começa a conquistar o planeta. Provavelmente, os primitivos animais agigantados se transformam em vítimas desse caçador: o mais perigoso de todos os tempos.
Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann

UMA COMPOSIÇÃO DE FATOS
Tim Wehrmann, 35 anos, e Jochen Stuhrmann, 34, trabalharam durante várias semanas em cada uma de suas ilustrações. Desde o primeiro esboço até a imagem final no computador foi um longo caminho. Cada detalhe, por mais insignificante que fosse, por exemplo, as garras de uma centopeia, tinha que, por um lado, caber na composição da imagem, e por outro, corresponder à mais recente posição representada nas pesquisas. O desafio foi transformar os mais objetivos desenhos científicos, elaborados com a ajuda da informática, em cenários e palcos impressionantes das eras e períodos geológicos, e representar os espaços vitais do modo mais natural possível, embora, hoje, apenas fósseis possam testemunhá-los.

Ilustrações: Jochen Stuhrmann, Tim Wehrmann; Texto: Henning Engeln e Jörn Auf dem Kampe; Produção: Susanne Gilges, Rainer Harf, Torsten Laaker

 

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